quarta-feira, 4 de junho de 2014

Bucomaxilofacial



Hoje eu arranquei um dente siso com um profissional muito bom: Marcelo Botelho. Pra quem não sabe o nome do profissional que faz este procedimento é Bucomaxilofacial.

Depois da retirada do dente que durou uns 20 minutos (no máximo) fiquei refletindo sobre aquela profissão: cirurgião bucomaxilofacial. Fiquei pensando o que deve ter motivado aquele homem a exercer tal função. Fiquei pensando: “será que ele não cansa de arrancar dentes?”,“será que ele tem desafios nesta profissão?”, “será que ele é feliz?”, essas perguntas típicas que se fazem nas empresas, rs.

Bom, se ele não for feliz, pelo menos deve ganhar bem nesta atividade. Afinal muitos precisam de um bucomaxilofacial pelo menos umas  4 vezes na vida. E esta é uma atividade que requer estudo, especialização, um investimento que tem q ter seu retorno. Ok, ok. Ele poderia ser um assessorista, ou um auxiliar de serviços gerais daquele prédio no qual trabalha, mas a vida ou seus pais lhe deram a oportunidade de estudar e ser o tão famoso “alguém”. (Vá estudar para ser alguém na vida, meu filho – talvez ele ouvisse da sua mãe)

Bom, onde quero chegar? Nem eu sei direito. Mas essa breve reflexão me fez lembrar de uma visitante que recebi em minha casa, de outra cidade, que veio para um congresso batista sobre vocação. Ela está beirando seus 40 anos, é empregada doméstica e tem um olhar um pouquinho triste. Outra pessoa que recebi é a ministra de louvor da igreja dela, uma jovem de seus 28 anos,  que estudou música e fonoaudiologia, proveniente de uma família estruturada. Esta jovem disse em um determinado momento da nossa conversa que não queria se propor a fazer nada se não fosse para fazer com excelência.

Minha reflexão consiste em: será que alguém que trabalha para ganhar o salário mínimo e garantir sua sobrevivência tem condições de pensar em excelência, em vocação? Acho que fazer o que se gosta ou trabalhar no que se tem a tão famosa vocação é privilégio de alguns, não todos.  Isso não quer dizer que não acredite que quem ganha um salário mínimo não tenha chances de estudar ou trabalhar mesmo e lutar para ganhar mais, para se desenvolver em seus talentos, não! Mas há de se convir que as possibilidades para os dois tipos de pessoas não são tão iguais.

É aí que penso nas palavras de Jesus: “A quem muito é dado, muito será cobrado”, cobrado (creio eu)  no repartir do dinheiro, dons, amor, sorrisos, sonhos e visão. Se sou rico em algum destes pontos ou em todos, serei cobrado sobre a multiplicação destes “talentos”, o uso que faço deles.

Lembro também sobre algo que ouvi de um dos preletores do congresso sobre vocação. Ele mencionou um autor ateu: Luc Ferri (No livro: “aprendendo a viver”) que diz que o princípio de igualdade entre os homens veio do cristianismo.

Este assunto dá pano pra manga. Mas minha reflexão por hoje é esta.

Nenhum comentário: