Hoje eu arranquei um dente siso com um profissional muito
bom: Marcelo Botelho. Pra quem não sabe o nome do profissional que faz este
procedimento é Bucomaxilofacial.
Depois da retirada do dente que durou uns 20 minutos (no
máximo) fiquei refletindo sobre aquela profissão: cirurgião bucomaxilofacial. Fiquei
pensando o que deve ter motivado aquele homem a exercer tal função. Fiquei
pensando: “será que ele não cansa de arrancar dentes?”,“será que ele tem
desafios nesta profissão?”, “será que ele é feliz?”, essas perguntas típicas
que se fazem nas empresas, rs.
Bom, se ele não for feliz, pelo menos deve ganhar bem nesta
atividade. Afinal muitos precisam de um bucomaxilofacial pelo menos umas 4 vezes na vida. E esta é uma atividade que
requer estudo, especialização, um investimento que tem q ter seu retorno. Ok,
ok. Ele poderia ser um assessorista, ou um auxiliar de serviços gerais daquele
prédio no qual trabalha, mas a vida ou seus pais lhe deram a oportunidade de
estudar e ser o tão famoso “alguém”. (Vá estudar para ser alguém na vida, meu
filho – talvez ele ouvisse da sua mãe)
Bom, onde quero chegar? Nem eu sei direito. Mas essa breve
reflexão me fez lembrar de uma visitante que recebi em minha casa, de outra
cidade, que veio para um congresso batista sobre vocação. Ela está beirando
seus 40 anos, é empregada doméstica e tem um olhar um pouquinho triste. Outra
pessoa que recebi é a ministra de louvor da igreja dela, uma jovem de seus 28
anos, que estudou música e fonoaudiologia, proveniente de uma família estruturada.
Esta jovem disse em um determinado momento da nossa conversa que não queria se
propor a fazer nada se não fosse para fazer com excelência.
Minha reflexão consiste em: será que alguém que trabalha
para ganhar o salário mínimo e garantir sua sobrevivência tem condições de
pensar em excelência, em vocação? Acho que fazer o que se gosta ou trabalhar no
que se tem a tão famosa vocação é privilégio de alguns, não todos. Isso não quer dizer que não acredite que quem
ganha um salário mínimo não tenha chances de estudar ou trabalhar mesmo e lutar
para ganhar mais, para se desenvolver em seus talentos, não! Mas há de se convir que as possibilidades para os dois tipos
de pessoas não são tão iguais.
É aí que penso nas palavras de Jesus: “A quem muito é dado,
muito será cobrado”, cobrado (creio eu) no repartir do dinheiro, dons, amor, sorrisos,
sonhos e visão. Se sou rico em algum destes pontos ou em todos, serei cobrado
sobre a multiplicação destes “talentos”, o uso que faço deles.
Lembro também sobre algo que ouvi de um dos preletores do
congresso sobre vocação. Ele mencionou um autor ateu: Luc Ferri (No livro: “aprendendo
a viver”) que diz que o princípio de igualdade entre os homens veio
do cristianismo.
Este assunto dá pano pra manga. Mas minha reflexão por hoje
é esta.
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